segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Linhas de Saudade


Imagem retirada do Deviantart



Um dia, ao acaso, fiquei a observar


As linhas da minha mão

Traços finos apagados pelo tempo

Ramos sem rumo

Que se estendem ao infinito



Serão mesmo estas linhas

As reticências do futuro?

O imponente destino cobiçado pelas ciganas?


Pois eu leio algo diferente

Não vejo a aurora do sol nascente

Mas sim os rastros do astro que se pôs

Essas curvas contêm o ontem; o passado omitido

De quando se colocou a mão sobre o peito doído

E se enxugou lágrimas de amor

De quando se tapou os olhos por medo

E a boca para não gritar


Dos tempos de nostalgia da pura infância


Onde as mãos brincavam de adoleta


Sem malícias, sem preocupações


Essas mãos trazem lembranças


Do toque na bochecha, após se receber um beijo estalado


Do bater de palmas, das mãos no bolso

Do indicador nos lábios, simbolizando segredo

Dos acenos distantes, das pontas frias dos dedos

Do calor de outra mão

Estas linhas escrevem o poema da vida

São a essência da alma

E trazem consigo a promessa:

De novos toques, apertos de mão

E beijinhos lançados ao vento

Imagem tirada do Google

Helena Marques

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